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  • Pele perfeita sem maquiagem? Especialistas entregam todas as dicas!

    Alicia Keys, no VMA 2016 (Foto: Getty Images)

    A decisão recente da cantora Alicia Keys de abrir mão da maquiagem para se sentir “livre e honestamente bonita” ganhou as redes sociais como uma atitude poderosa e inspiradora. Determinada, ela chegou a cruzar o red carpet do VMA 2016, no último dia 28, de cara lavada, sem se importar com as tais regras estabelecidas pelos eventos de gala.

    A atitude não passou despercebida e foi bastante elogiada. Mesmo sem qualquer vestígio de make, a cantora exibiu uma beleza radiante que chamou atenção e levantou a discussão sobre a importância dos cuidados com a pele para que ela seja naturalmente perfeita.

    Na última semana, a blogueira nigeriana Bisola Umoren também viu a sua história viralizar ao dispensar o make até no dia de seu casamento. “Me vi no espelho [sem maquiagem], e estava tão natural e bonita. Realmente gostei do que vi”, relatou nas redes sociais.

    De olho nisso, consultamos alguns especialistas para descobrir os principais segredos de uma cútis impecável sem nenhuma maquiagem. A dermatologista Claudia Marçal alerta que o processo é diário e exige alguns passos básicos. Confira a seguir e comece já a sua busca pela pele perfeita.

    PASSO A PASSO BÁSICO

    1. LAVE… rosto, pescoço e região do colo duas vezes ao dia – pela manhã e à noite. Isso ajuda no controle da oleosidade e elimina qualquer impureza. Prefira sabonetes que contenham na formulação extratos puros naturais, como hamamélis, camomila, calêndula, aveia…

    2. ESFOLIE… a pele com um esfoliante de esferas homogêneas e com ativos calmantes e anti-inflamatórios, que são menos agressivos, e aplique o produto com movimentos circulares sobre a pele ainda úmida. Use duas vezes na semana.

    3. TONIFIQUE… a cútis para complementar o efeito demaquilante necessário à limpeza. Procure um tônico calmante, hidratante, antioxidante ou adstringente, de acordo com a necessidade de cada pele.

    4. Nesta etapa, lance mão de um sérum tensor com efeito lifting, que promove ação antioxidante e proteção da barreira cutânea.

    5. PROTEJA… com um fotoprotetor de FPS acima de 30.

    No inverno, a dermatologista aconselha ainda o uso durante a noite de compostos à base de vitamina A ácida, alfa-hidroxiácidos e derivados associados a clareadores como hidroquinona, alfa arbutin, lignina peroxidase, decapeptideo e antioxidantes como o resveratrol a vitamina E e C, as antocianinas presentes nos frutos vermelhos, fatores de crescimento, dentre outras formulações específicas para cada caso, tipo de pele e idade. O ideal é consultar um dermatologista para saber quais são os produtos mais indicados para o seu tipo de pele.

    5 ERROS QUE DEVEM SER EVITADOS

    – Não passar fotoprotetor ou em quantidade insuficiente pode causa problemas estéticos de manchas, envelhecimento precoce e aumentar o grau de cancerização, tendo em vista que a incidência dos raios UV é cada vez maior. Meia colher de chá é a quantidade ideal para rosto e pescoço.

    – Abusar dos retinóides ou usar ácido retinoico/retinol/retinóides sem indicação dermatológica (e por longos períodos) pode causar irritabilidade, hipersensibilidade e manchas.

    – Lavar excessivamente a pele oleosa na expectativa de retirar a oleosidade pode causar efeito rebote, ou seja, o corpo vai produzir mais gordura para repor o que foi tirado. Então, essa pele precisa ser lavada e imediatamente hidratada.

    – Usar produtos inadequados ao tipo de pele pode causar problemas como aumento de oleosidade e acne.

    – Usar produtos na ordem incorreta, o que minimiza a eficácia na medida em que diminui o potencial de penetração do tratamento. Protetor solar é sempre último produto da lista, é ele o responsável pela barreira final.

    DE OLHO NAS TECNOLOGIAS

    Para resultados a curto prazo, a sugestão do dermatologista Jardis Volpe é recorrer a procedimentos estéticos. “O Fotona Insite-Out é a grande novidade da vez. Trata-se de um método não muito agressivo, que estimula a produção de colágeno e atua ajudando na firmeza muscular. Ele pode ser feito por qualquer tipo de pele e em qualquer idade e pode ser usado como prevenção ou reparo de rugas e flacidez”, explicou.

    Com relação às manchas e olheiras, o especialista indica o SPECTRA Lumina. “Ele ainda age na luminosidade da pele e redução dos poros”, conta. “O equipamento emite lasers ultrarrápidos e de baixa energia que atinge os melanócitos cutâneos (a origem do pigmento), promovendo além disso um processo global de melhora do aspecto da pele. São indicadas seis visitas ao consultório, de 15 em 15 dias.”

     

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  • Mulher barbada mais jovem do mundo dá lição de autoestima e vira estrela do Instagram

    A britânica Harnaam Kaur entrou para o Guinness como a mulher barbada mais jovem do mundo (Foto: Reprodução Instagram)A britânica Harnaam Kaur entrou para o Guinness como a mulher barbada mais jovem do mundo (Foto: Reprodução Instagram)

    Em tempos de valorização da beleza real, a britânica Harnaam Kaur ganha as redes como referência absoluta. Aos 16 anos, uma síndrome de ovário policístico estimulou o crescimento de uma barba farta, que ela não esconde, prefere exibi-la com muito orgulho. Os pelos faciais fazem parte de seu estilo pessoal, tanto quanto seu turbante azul poderoso e delineado impecável.

    Mas a autoaceitação não veio fácil. Kaur precisou enfrentar anos de ataques preconceituosos, durante a infância, até se transformar em uma poderosa ativista e referência de autoestima, assim como estrela do Instagram. Seu objetivo é combater os estereótipos de gênero e qualquer padrão de beleza socialmente estabelecido.

    Agora, aos 25 anos, ela entrou para o Guinness Book como a mulher mais jovem a carregar uma barba cheia e encara com bom humor as reações de desconhecidos na rua. “Desde que minha história veio à tona, algumas pessoas chegam a me reconhecer, mas quando não, costumam fazer cara de espanto. Acho engraçado. Elas olham para os meus olhos… Então para a minha barba… E depois para os meus seios”, contou ao jornal The Guardian. Só não tolera abusos verbais ou fotos sem autorização.

    Tal postura, no entanto, foi duramente conquistada. Na infância, possuía uma autoestima bastante frágil por ser uma menina gorda, negra e cuja puberdade se deu aos 10 anos de idade. “Fui chamada de ‘homem’, ‘leão’, ‘ogro’, ‘gorda’”, conta. Enquanto criança tímida, ela não conseguia enfrentar as agressões.

    “Vivo pela frase ‘meu corpo, minhas regras’” (Foto: Reprodução Instagram)

    Nervosa com a possibilidade de a filha continuar sendo destratada socialmente, a mãe de Kaur decidiu levá-la a um salão de beleza. “Foi horrível”, relata. “A cera sendo colocada, depois o papel e então o puxão… Eu gritei tão alto que uma mulher que fazia o cabelo do outro lado da porta jogou longe a revista que tinha em mãos. Eu não parava de chorar. Repeti isso por vários dias, porque meus pelos cresciam muito rápido. E entre uma depilação e outra, ainda raspava o que ia crescendo. Eles repetiam o procedimento até minha pele queimar.”

    Em vez de cessar o bullying, as depilações só contribuíam para que Kaur alimentasse uma enorme vergonha de sua aparência. “Já chegaram a me ameaçar com faca, me tocarem com o pênis”, conta. Aos 15 anos, ela passou a faltar nas aulas, considerar o suicídio e a se machucar. “Eu queria punir meu corpo por ser desse jeito. Queria machucá-lo.”

    Até que um dia ela esvaziou um pote de remédios em sua mão. “Foi a virada”, conta. “Pensei, ‘Dane-se!’. Se quem pratica bullying está vivendo, por que eu não deveria viver?”

    Desde então, ela trocou o salão de beleza por brincadeiras no parque com o irmão e ainda agregou ao seu estilo um turbante, que funciona como um símbolo de sua força e uma maneira de projetar sua identidade com orgulho.

    Apesar de ter recuperado sua autoestima, ela ainda sofre pressão para retirar a barba e o bigode. “As pessoas me dizem: ‘Você parece um homem’. Você não vai conseguir casar ou trabalhar”, conta. Ela resiste.

    Como ativista do resgate da autoestima e antibullying, ela acredita que a sociedade pode ser “curada pelo empoderamento, por mulheres fortes”. Por isso usa as redes sociais para alcançar pessoas como ela. “Uma a cada cinco mulheres tem ovário policístico e muitas se aproximam de mim para saber como combater o bullying e aceitar a si mesmas”, diz. “Eu quero que elas pensem que, se eu estou na passarela [ela desfilou recentemente para uma marca de joias], elas também podem. Quero quebrar o molde.”

    Sua visibilidade nos meios de comunicação tem a transformado em uma espécie de imã de fetichistas também. “Eu dou risada, apago e logo bloqueio”, diz. “Não passei por tudo isso para me tornar objeto de ninguém. Tem muita gente rasa por ai, então acho que preciso de um homem ou mulher forte para que realmente me diga o quer comigo.”

    Kaur também se posiciona contra a ideia de que são os órgãos genitais que nos definem. “Eu não acredito no gênero. Quem foi que disse que vagina é de mulher e pênis é de homem, ou que rosa é para meninas e azul para meninos? Estou sentada aqui com uma vagina, dois seios e uma bela barba. Vivo pela frase ‘meu corpo, minhas regras’.”

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  • Vida longa ao jeans

    promoglamour cea (Foto: Marcos Steinmeyer)A jaqueta jeans atualiza qualquer look (Foto: Marcus Steinmeyer)

    Quer uma dica quentinha pra montar seu look? Vá de jeans! Nosso maior xodó fashion é também o tecido mais versátil e democrático do mundo. Curinga, podemos conquistar o estilo que quisermos tendo ele como base – algo como uma tela em branco que inspira o artista e instiga ideias, sabe?
    É clássica? Opte pela camiseta branca, jaqueta jeans nos ombros e um colar de pérolas. Moderna? Amarre um lenço colorido no pescoço ou sobre a gola da camisa jeans. Para ficar sexy sem perder a modernidade, nossa dica é usar um jeans skinny com camisa masculina e scarpins bem altos.

    As possibilidades são infinitas, mas a regra é única: sentir-se linda. Nesse embalo, a C&A clicou um editorial em parceria com a Glamour fazendo um mix entre linha do tempo e aula de história – que te conta como surgiu o jeans, como ele foi crescendo em popularidade e se aperfeiçoando ao longo das décadas até chegar ao status de peça-chave. Olha só:

    Ícone pop: O jeans já existia no século XVI, mas foi só no XIX que ele ganhou popularidade como artigo de vestuário. Tudo aconteceu quando uma cliente de Nevada, nos EUA, pediu ao alfaiate Jacob Davies que fizesse calças bem reforçadas para seu marido, que era cortador de lenha e precisava ficar à vontade pra trabalhar. Nas mãos de Davies, o jeans ganhou rebites e as peças ficaram ainda mais resistentes. Logo, mineiros, trabalhadores do campo e todos que precisavam de roupas que durassem e não fossem caras estavam usando jeans pra trabalhar (que poder, hein?!).

    promoglamour cea (Foto: Marcos Steinmeyer)O jeans também pode trazer um ar sensual (Foto: Marcus Steinmeyer)

    Born to be wild: Foi na década de 1950 e com a ajuda do cinema que o jeans virou sinônimo de beleza, rebeldia e juventude. Os filmes Rebelde sem Causa e O Selvagem, estrelados, respectivamente, pelos guapos James Dean e Marlon Brando, colocaram a peça na mira da moda.

    Paz e amor: A rebeldia se tornou pacífica na década de 1960 e, com ela, vieram as calças jeans boca de sino. Elas representavam paz e amor, tudo a ver com a cultura hippie que dominava a época.

    propmoglamour cea (Foto: Marcos Steinmeyer)A boca de sino sobreviveu gerações e ainda é tendência (Foto: Marcus Steinmeyer)

    Hey! Oh! Let’s go!  O punk dominou a década de 1970. O movimento foi traduzido na moda através de calças e jaquetas com modelagens justas ao corpo, aspecto detonado, desgaste e muitos patches. A banda norte-americana Ramones, por exemplo, encarnou o espírito na capa do seu aclamado álbum Rocket to Russia, em que todos apareciam com jeans rasgados nos joelhos. o/

    Let’s dance: Com a virada pra década de 1980, o jeans ganhou cintura alta, camisa e blazers com ombreiras. Foi aí também que a cultura hip hop ganhou força com coletes e calças oversized misturados a tênis de cano alto e camisetas grandonas.

    Smells like teen spirit: O macacão era peça-desejo nos anos 90 e vestia os jovens mais elegantes com modelagens ora justas, oras larguinhas, ora curtas… Na mesma época, apareceram os grunges com suas calças que remetiam às dos punks (mas menos justas e mais detonadas) e davam ainda mais liberdade quando combinadas com camisa xadrez.

    Furacão skinny: Os anos 2000 trouxeram de volta à moda o furor da calça skinny. Todo mundo queria uma calça bem justinha para chamar de sua! Um fenômeno de libertação e de autoexpressão que ditou o que viria a se tornar o mantra do jeans na moda atual.

    promoglamour cea (Foto: Marcos Steinmeyer)Despojado e moderno (Foto: Marcus Steinmeyer)

    Viu como o vaivém da moda dá ao jeans um monte de releituras, novos recortes, modelagens e até cores e estampas? Pra ele, o tempo não passa – e ser sempre atual é para poucos, viu?! Um viva ao jeans!

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  • Trancinhas coloridas fazem a cabeça das famosas no festival Burning Man

    Cara Delevingne pronta para o Burning Man (Foto: Reprodução/Instagram)Cara Delevingne pronta para o Burning Man (Foto: Reprodução/Instagram)

    O Burning Man terminou nesta segunda, 5, e agora só no ano que vem. Mas, entre uma edição e outra, o festival deixa muitas referências visuais, especialmente para quem gosta de uma estética bem ao estilo “Mad Max”. E as tranças, que estão super na moda, fizeram as cabeças por lá, mas os destaques foram as versões com muitas tranças fininhas e coloridas.

    Paris Hilton também apostou em várias trancinhas (Foto: Reprodução/Instagram)Paris Hilton também apostou em várias trancinhas (Foto: Reprodução/Instagram)

    Pra quem nunca ouviu falar do festival, para o Burning Man, uma cidade gigantesca é erguida e depois desmontada no meio do deserto em Nevada, nos Estados Unidos. O ápice é quando um boneco gigante é queimado (daí o nome). Por lá, não existem muitas regras e o pessoal aproveita para se jogar nos visuais mais descolados – que acabam caindo nas graças do público na sequência, claro.

    Poppy Delevingne (Foto: Reprodução/Instagram)Poppy Delevingne (Foto: Reprodução/Instagram)

    Por isso, o festival sempre acaba reunindo it-girls, modelos e outras personalidades da moda. Neste ano, marcaram presença Cara e Poppy Delevingne, Katy Perry e Karlie Kloss, entre outras. Confira algumas fotos postadas no Instagram.

    Katy Perry (Foto: Reprodução/Instagram)Katy Perry (Foto: Reprodução/Instagram)A modelo Nina Agdal (Foto: Reprodução/Instagram)A modelo Nina Agdal (Foto: Reprodução/Instagram)

    Veja mais fotos do Burning Man 2016:

    Poppy e Cara Delevingne (Foto: Reprodução/Instagram)Poppy e Cara Delevingne (Foto: Reprodução/Instagram)Karlie Kloss (Foto: Reprodução/Instagram)Karlie Kloss (Foto: Reprodução/Instagram)Katy Perry (Foto: Reprodução/Instagram)Katy Perry (Foto: Reprodução/Instagram)Paris Hilton (Foto: Reprodução/Instagram)Paris Hilton (Foto: Reprodução/Instagram)Outro look de Paris Hilton (Foto: Reprodução/Instagram)Outro look de Paris Hilton (Foto: Reprodução/Instagram)Paris e Barron Hilton, Poppy e Cara Delengne (Foto: Reprodução/Instagram)Paris e Barron Hilton, Poppy e Cara Delengne (Foto: Reprodução/Instagram)

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  • Saiba por que ser mulher custa mais caro

    Todas as brasileiras pagam, em média, 10% a mais do que homens por produtos idênticos ou similares (Foto: Marcel Valvassori)Todas as brasileiras pagam, em média, 10% a mais do que homens por produtos idênticos ou similares (Foto: Marcel Valvassori)

    Você sabia que uma calça jeans custa R$ 30 a mais para uma mulher do que para um homem? Que o modelo feminino de uma lâmina de barbear pode ser R$ 4 mais caro do que o masculino? E que um corte de cabelo pode sair quase 1/3 acima do preço só porque a cliente é menina? A prática de cobrar preços mais altos para consumidoras incomoda feministas e estudiosos do mundo todo, que passaram a chamá-la de taxa rosa.

    Raul e Teresa são irmãos gêmeos, têm 1 ano, mas desde o nascimento Raul tem chances de ser mais rico do que a irmã. Logo após o parto, os pais de Teresa começaram a pagar mais caro pelas roupinhas dela do que pelas dele. Uma camiseta de manga comprida para meninos saía por R$ 69 no e­-commerce da loja infantil Green em junho. As opções do mesmo produto para Teresa variavam de R$ 76 a R$ 89. O banho de Teresa também é mais salgado do que o do irmão. Um frasco de xampu com embalagem do filme Carros, com 300 ml, da marca Biotropic, na farmácia Netfarma, custava R$ 3,99 em uma promoção em agosto. Já o da Barbie, feito pelo mesmo fabricante, era vendido por R$ 9,40 na mesma ocasião. Se fossem adolescentes, a matemática não seria diferente. Raul pagaria R$ 379 por sua primeira calça Levi’s 501. Teresa desembolsaria R$ 30 reais a mais. Na vida adulta, tampouco a equação seria equilibrada. Se fossem cortar os cabelos juntos no Studio W, no Shopping Iguatemi, em São Paulo, Teresa desembolsaria R$ 308 e Raul, R$ 240.

    Ao longo da vida, Teresa e todas as brasileiras pagam, em média, 10% a mais do que homens por produtos idênticos ou similares. Esses são os dados preliminares da primeira pesquisa que avalia preços e gênero do país, feita pelo professor de cultura e consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing Fabio Mariano Borges, de São Paulo, que será lançada no mês que vem. “A indústria e o varejo não sabem justificar”, afirma o pesquisador. “É um viés de mercado, um vício. Já trabalhei em muitas empresas e nunca ouvi ninguém dizendo que se deve cobrar mais por um produto só porque ele é voltado para o público feminino. É uma opressão, uma discriminação de gênero que se repete sem nos darmos conta. Por isso, é tão importante chamar atenção para a questão”, completa Borges.

    É um vício de mercado, uma opressão, uma discriminação de gênero”Fabio Borges, professor da ESPM

    Marie Claire vasculhou shopping centers, farmácias, lavanderias, cabeleireiros em São Paulo, além de lojas virtuais que atendem todo o país. Encontrou discrepâncias como as que estão no quadro no fim da matéria. “A taxa rosa, como é chamada essa cobrança abusiva de produtos para as mulheres, já é debatida há alguns anos no exterior, mas está sendo pensada há pouco tempo no Brasil. As marcas se aproveitam do desconhecimento das consumidoras para cobrar mais delas” afirma Nana Lima, da consultoria em mercado feminino Think Eva. “As consequências são terríveis porque as mulheres ganham menos e têm de pagar mais.” Dados da Organização Internacional do Trabalho mostram que as brasileiras recebem, em média, 22% menos do que os brasileiros para desempenhar a mesma função. Se, hoje, Teresa e Raul fossem adultos, trabalhassem no mesmo lugar e com o mesmo cargo e ela recebesse R$ 12 mil, é bem provável que Raul ganhasse R$ 14.640. Se Teresa gastasse 5% da renda com produtos de consumo pessoal, como mandam os manuais de finanças pessoais, desembolsaria R$ 600 por mês. Se o irmão comprasse exatamente os mesmos itens que ela, gastaria R$ 545. Se todos os outros gastos de ambos fossem equivalentes, Raul ficaria R$ 31.740 mais rico do que ela a cada ano. Em 20 anos, compraria um apartamento de dois quartos em um bairro de alto padrão em São Paulo. Já Teresa…

    As consequências são terríveis, as mulheres já ganham menos”Nana Lima, consultora da Think Eva

    As primeiras a atacar a taxa rosa foram as americanas. Em 1998, a cidade de Nova York criou uma lei que proibia os estabelecimentos de cobrar preços diferentes para homens e mulheres pelo mesmo serviço. Os alvos eram cabeleireiros e lavanderias. A regra não incluía produtos. Há dois anos, o coletivo feminista francês Georgette Sand decidiu se debruçar sobre os preços nas gôndolas de Paris. Criou um tumblr, o womentax.tumblr.com, para postar flagrantes. Uma mochila feminina, por exemplo, custava 6 euros a mais do que a versão idêntica masculina. Além do site, fizeram barulho com petições online e hashtags. A campanha chamou atenção das autoridades, que trataram de investigar o comércio. O governo francês criou, então, um Conselho de Consumidores para debater a questão.

    Para o professor Fabio Mariano Borges, da ESPM, há uma motivação histórica para a taxa (Foto: Marcel Valvassori)Para o professor Fabio Mariano Borges, da ESPM, há uma motivação histórica para a taxa (Foto: Marcel Valvassori)

    Graças a esse combustível, outros países decidiram olhar para o tema. Em abril de 2015, o coletivo australiano Get Up lançou uma campanha convocando os consumidores a denunciar lojistas que cobram a taxa rosa. Ação parecida fez o Departamento de Relações de Consumo (Departament Consumer Affairs, o DCA) da prefeitura de Nova York. Compararam as versões femininas e masculinas de 800 produtos em cinco indústrias, 24 lojas, 91 marcas e 35 categorias. Analisaram brinquedos, acessórios e roupas de crianças e adultos, produtos de cuidados pessoais e para a casa. Constataram que, em média, os direcionados ao público feminino custam 7% mais que os masculinos. O próprio DCA incentivou as consumidoras a denunciar abusos nas redes sociais.

    O QUE ESTÁ POR TRÁS DA COBRANÇA?
    Para o professor Fabio Mariano Borges, da ESPM, há uma motivação histórica para a taxa. “A partir do século 18, as lojas e o ambiente de consumo se tornaram espaços predominantemente femininos porque as mulheres eram – e são até hoje – as responsáveis pelo abastecimento da casa. Pegava mal, por exemplo, para um homem ser frequentador assíduo de uma loja. Hoje, elas são o maior grupo entre os consumidores e o varejo se adaptou a isso. Uma hipótese é a de que os preços mais baixos sejam um atrativo para os homens irem às lojas”, afirma.

    Procuradas as empresas Gillette, Levi’s, Green, Track & Field afirmam que os produtos para o público feminino destacados pela reportagem têm particularidades que os tornam mais caros. No caso das lâminas de bar­bear, por exemplo, a Gillette diz que: “Venus é diferente de uma lâmina masculina porque os aparelhos […] apresentam cabo ergonômico e cartucho oval flexível que se adapta ao corpo feminino”. A Green atribuiu a diferença às estampas aplicadas sobre as camisetas. “Na nossa loja, a menina não procura coisas simples”, diz Márcia Naas, coordenadora de produto da marca. A Levi’s afirma que os produtos femininos possuem materiais, lavagens, customizações e aplicações diferenciadas. “A pirâmide de preços estende-se comparada ao masculino, por causa [dos] produtos e do comportamento da consumidora mulher, que não considera o preço um fator tão determinante para a compra”, disse a empresa por meio de sua assessoria de imprensa. A Track and Field  segue no mesmo tom. “A diferença de preço depende de fatores que vão da negociação do tecido […] ao tempo de produção do produto […]. Se levar em consideração dois produtos com as mesmas especificações, o preço não varia.” A Biotropic, fabricante dos xampus infantis, disse que não tem preços diferentes por gênero, mas que os varejistas têm liberdade de não utilizar as tabelas recomendadas. O cabeleireiro Studio W diz que a diferença se dá pelo tempo de manutenção dos cortes. “O homem, normalmente, corta o cabelo a cada 20-30 dias e a mulher a cada 40-90 dias ou mais”, afirmou a empresa, também por meio da assessoria.

    Agora, cabe a nós, brasileiras, fazer barulho para revolucionar o mercado nacional. Encontrou preços diferentes para os mesmos itens dirigidos a homens e mulheres? Poste os flagrantes que encontrar e marque #pelofimdataxarosa.

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  • O mocassim volta repaginado e compõe looks confortáveis e elegantes

    Sapatos mocassim volta repaginados para a moda (Foto: Imaxtree)Sapatos mocassim volta repaginados para a moda (Foto: Imaxtree)

    Os calçados com uma pegada mais masculina, vide os modelos de sola tratorada, estão em alta nas últimas temporadas. Principalmente neste último inverno, estes sapatos conquistaram de vez o público feminino e mostraram que essa coisa de sapatos de menina e de menino não existe mais.

    O mocassim também entra nessa nova onda e mostra que veio para ficar compondo produções que são um pouco mais chiques, mas ainda assim confortáveis e com um toque despojado. Por ser um sapato sem salto, ele transita bem entre diversos ambientes e combina com os mais variados estilos.

    Se você busca um modelo mais clássico, vale investir no tradicional preto, seja opaco ou envernizado. Pense em detalhes como fivelas ou franjinha no peito do pé para sair do comum com o modelo. As mais ousadas podem preferir logo um modelo mais chamativo, em um tom metálico ou com estampa.

    Preto

    Mocassim preto é opção para quem prefere um estilo mais clássico (Foto: Divulgação)Mocassim preto é opção para quem prefere um estilo mais clássico (Foto: Divulgação)

    1. C&A, R$24,99
    2. Tod’s para Farfetch, R$2.680
    3. Arezzo, R$299,99
    4. Corello, R$159.,90

    Coloridos

    Modelos coloridos dão um up em qualquer produção (Foto: Divulgação)Modelos coloridos dão um up em qualquer produção (Foto: Divulgação)

    1. Schutz, R$430
    2. Santa Lolla, R$229,90
    3. Via Uno para Dafiti, R$84,99
    4. Anacapri para Dafiti, R$219,90

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  • Recém-casada, Isabeli Fontana fala da relação de Di Ferrero com os filhos

    Vestido Adriana Degreas, R$ 4.500 (acompanha hotpants). Flor (sob encomenda) Sabrina Chapéus, a partir de R$ 250 (Foto: Eduardo Rezende (FS.AG))Vestido Adriana Degreas, R$ 4.500 (acompanha hotpants). Flor (sob encomenda) Sabrina Chapéus, a partir de R$ 250 (Foto: Eduardo Rezende (FS.AG))

    Isabeli Fontana e Di Ferrero oficializaram a união no mês passado, nas Ilhas Maldivas, numa cerimônia intimista. a modelo relembrou o momento em que ele a pediu em casamento e disse que recebeu a aliança numa outra situação.

    “Fui pedida em casamento quando estávamos de férias, em Capri, na Itália. Estávamos em uma escadaria e disse sim, claro. Mas as alianças vieram em outro momento. No meu primeiro aniversário depois que começamos a namorar, ele me deu de presente um anel, com uma pedra solitária. Quando abri a caixinha, fiquei em choque! Perguntei: ‘Espere aí, você está me pedindo em casamento?’ Ele levou um susto e disse que não, que era só um presente de aniversário. Mas parecia um anel de noivado! Depois demos risada da confusão e começamos a usar alianças de namoro, na mão direita. Coisa de adolescente, eu sei. Então, quando o Di me pediu em casamento de verdade, tirou a aliança da mão direita e colocou na esquerda, precisei explicar que não era assim, porque na esquerda era casamento [risos]. Ele não entende nada dessas coisas, coitadinho. Para marcar a data, tatuamos no dedo ‘Real Love’.

    Pareô Osklen, R$ 697. Hotpants Empress por Catherine Maaskan, R$ 179. Flor (sob encomenda) Sabrina Chapéus, a partir de R$ 250 (Foto: Eduardo Rezende (FS.AG))Pareô Osklen, R$ 697. Hotpants Empress por Catherine Maaskan, R$ 179. Flor (sob encomenda) Sabrina Chapéus, a partir de R$ 250 (Foto: Eduardo Rezende (FS.AG))

    A modelo falou que essa é a relação mais madura que já teve. “Só queremos o bem um do outro, a gente se respeita muito. Não tem aquela coisa de diminuir o outro, empurrar para baixo. Passei por isso nos outros namoros. Não é saudável. Também não somos mal-humorados. Vivemos em equilíbrio.”

    Mãe de Zion, de 13 anos [da relação com o modelo Álvaro Jacomossi], e Lucas, de 9 anos [da  relação com o ator Henri Castelli], Isabeli disse que Di se dá muito bem com os filhos. “Ele não se comporta como um pai, o que acho bom – pois os meninos já têm os pais deles –, mas como um amigo. É essa a relação que eles têm que ter.” Sobre a possibilidade de ter mais filhos, ela disse: “Como se dois fosse pouco! Gente, duas crianças já dão trabalho suficiente [risos]. Quanto ao Di, acho que essa relação com os enteados já serve.”

    *A entrevista na íntegra você confere na edição de setembro, que já chegou às bancas.

     

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  • Trend alert: aprenda a usar peças esportivas em looks formais

    Combine peças esportivas com outras mais elegantes (Foto: Imaxtree)Combine peças esportivas com outras mais elegantes (Foto: Imaxtree)

    O look esportivo é a sensação do momento. Não há quem não queira incorporar um tênis ao estilo New Balance ou uma calça de moletom ao dia a dia das composições mais sérias. Essas peças são extremamente confortáveis – daí o seu apelo tão forte – e também são uma boa opção para quem ama o visual urbano, sem cair na simplicidade.

    “A tendência esportiva já está forte tem algumas estações. E essa é uma tendência que dificilmente sai da cena da moda pela questão do conforto”, explicou a consultora de moda e stylist Michelle Harue, complementando que ela passou a ser presente nos anos 1990, quando o visual super chamativo da década passada dava espaço para uma vibe ‘menos é mais’.

    Para a profissional, este ano a calça de moletom e os tênis, em especial os brancos, são o destaque da tendência. E, por serem peças tão despojadas, ela acredita que não cabem tanto em ambientes sociais, pense em questão de looks de trabalho, mas podem, sim, ser combinadas de forma a criarem uma produção final que tenha um equilíbrio entre os dois.

    “O esportivo é uma tendência muito democrática e fácil de usar”, diz Michelle. “Quem já tem um estilo mais esportivo vai conseguir usar essa tendência de uma forma mais arrumada. Quem não se encaixa tanto nesse estilo vale fazer combinações inusitadas, como combinar uma calça de moletom com salto”. Outra dica de Michelle é optar por peças metalizadas, por exemplo, usar um moletom cinza com um scarpin prateado ou dourado, para, justamente, fazer essa mistura do ultra casual com peças mais cheias de glamour.

    Tênis no dia a dia

    O tênis pode entrar em um look que normalmente seria usado com salto (Foto: Imaxtree)O tênis pode entrar em um look que normalmente seria usado com salto (Foto: Imaxtree)

    Os tênis voltaram com tudo para o mundo da moda e adaptá-los a qualquer look não é difícil. A ideia é trabalhar o contraste que um tênis trás para uma produção que, normalmente, seria usada com um salto ou um sapato comum, como uma sapatilha ou um mocassim.

    Moletom + bota de cano alto

    Bota de cano alto + moletom cria um típico visual hi-lo (Foto: Imaxtree)Bota de cano alto + moletom cria um típico visual hi-lo (Foto: Imaxtree)

    Quer uma peça mais esportiva do que um moletom? O item, tão comum no guarda-roupa e que normalmente fica reservado aos dias ultra despojados, em que ficamos em casa, pode ser combinado com botas poderosas, tipo de cano alto ou altíssimo, para entrar na vibe hi-lo.

    Jaqueta esportiva

    As bomber jackets são uma ótima opção para quem está começando no look (Foto: Imaxtree)As bomber jackets são uma ótima opção para quem está começando no look (Foto: Imaxtree)

    As jaquetas esportivas, ou bomber jackets, são o sucesso absoluto das últimas temporadas. Com estampas e cores variadas, elas podem ser usadas segundo o gosto de cada uma, mas a ideia de combiná-las com peças mais elegantes, como vestidos coquetel, sapatos de salto alto e saias de couro, dão um ar mais elegante e moderno para o item.

    Calça de moletom

    Calça de moletom com salto alto é o combo queridinho do momento (Foto: Imaxtree)Calça de moletom com salto alto é o combo queridinho do momento (Foto: Imaxtree)

    Queridinha da moda atual, a calça de moletom tem se mostrado o item preferido das fashionistas para compor o visual hi-lo. A preferência é sempre combinar um modelo desses com sapatos de salto alto, como scarpins ou sandálias para quebrar a aparência ultra confortável da peça.

     

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  • Sobrevivente de ataque de ácido, indiana desfila em Nova York: ‘Me sinto corajosa’

    Reshma Qureshi e Sunny Leone antes de desfilarem para a estilista indiana Archana Kochhar na New York Fashion Week (Foto: Reprodução/Instagram)Reshma Qureshi e Sunny Leone antes de desfilarem para a estilista indiana Archana Kochhar na New York Fashion Week (Foto: Reprodução/Instagram)

    A indiana Reshma Qureshi, 19, protagonizou um dos momentos mais especiais do mundo da moda neste ano. A jovem, que há dois anos foi vítima de um ataque de ácido que deformou o seu rosto, caminhou na passarela durante o desfile da estilista Archana Kochhar, nesta quinta-feira durante a New York Fashion Week.

    À agência de notícias France-Presse, Reshma disse que se sentiu “muito bem” durante o desfile e que “a experiência foi ótima”. “Como pensei, sinto que isso mudou a minha vida”, declarou a indiana momentos após deixar a passarela. “Eu me sinto corajosa”.

    Estima-se que na Índia, onde ataques de ácido ocorrem principalmente contra mulheres e crianças, existam entre 500 e 1.000 casos desse tipo de crime todos os anos.

    A jovem também fez questão de deixar uma mensagem poderosa a outras vítimas de ataques de ácido: “Por que não deveríamos aproveitar a vida? O que aconteceu conosco não é nossa culpa e não fizemos nada de errado, então devemos seguir em frente”, disse. “Quero dizer para o mundo: não nos veja como um ponto de fraqueza, e veja que mesmo nós podemos sair e fazer coisas”.

    Resham sofreu o ataque em 2014 pelo marido de sua irmã e amigos dele. Ela perdeu um olho e teve o rosto desfigurado. Depois disso, Reshma se tornou o rosto de uma campanha contra esse tipo de crime na Índia. Hoje, seus planos são terminar o Ensino Médio e ir para a faculdade.

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  • Alicia Kuczman: “Voltei a ser modelo após ser excluída por um problema de saúde”

    Alicia Kuczman, 23 anos (Foto: Divulgação)Alicia Kuczman, 23 anos (Foto: Divulgação)

    “Nasci em Cascavel, cidade de 300 mil habitantes no Paraná. Minhas lembranças do passado não se parecem nada com as típicas de quem cresce no interior. Apesar de adorar estudar, detestava ir ao colégio. Só tirava notas altas, mas não tinha amigos. Andava pelos corredores com um livro aberto cobrindo o rosto. Eu era diferente e sofria agressões por causa disso. O auge foi a comunidade dedicada a mim no Orkut. ‘O que você faria se a Alicia estivesse se afogando?’ era a pergunta de uma enquete. As opções eram ‘Cuspia nela’, ‘Chutava’, e por aí vai. A última alternativa era de longe a mais clicada: ‘Todas as anteriores’.

    Chorava para não ir ao colégio, mas minha mãe trabalhava num hospital, como assistente social, e ficar em casa com meu pai, Osvaldo, 57, era outro pesadelo. Ele é um engenheiro inteligentíssimo, porém bipolar. Minha memória mais longínqua é de ele me batendo sem motivo. Tinha só 3 anos e sabia que não havia feito nada para merecer aquela surra. A cena se repetia a cada vez que ele mudava de humor com ataques físicos ou verbais. Ele me chamava de burra, dizia que eu não ia dar em nada, me mandava parar de importuná-lo com a minha ‘voz de taquara rachada’. Minha mãe, Herta, 54, passava a maior parte do dia fora e, na maioria das vezes, não presenciava nada. Quando meu irmão, Vinícius, três anos mais novo, e eu contávamos a ela o que havia acontecido, ela explicava que aquilo era reflexo da doença psicológica de meu pai. Mas, para mim, não era desculpa. Só eu sabia o que passava.

    A forma que encontrei de me proteger foi criar meu próprio mundo. Minha diversão era costurar e bordar as roupas que inventava. Aos 11 anos, comprei uma pilha de revistas de moda num sebo e forrei as paredes do meu quarto com minhas preferidas. Sonhava um dia me ver estampada em uma página daquelas, embora não me achasse bonita o suficiente para estar ali. Mesmo com pouco mais de 50 quilos distribuí­dos em 1,77 metro de altura, cabelos louros levemente ondulados e olhos azuis.

    Aos 12, me matriculei num curso de corte e costura para fazer peças mais elaboradas, como a calça de cintura alta que ainda não havia chegado à cidade. Cheguei a pensar que poderia ter uma marca. Assim, entraria no fascinante mundo da moda. De tanto falar no assunto, convenci minha mãe a me acompanhar em pequenos testes de modelo que apareciam em Cascavel. ‘Você é muito pequena’, diziam. ‘Ainda não está na idade.’ Eu insistia, insistia, e ela acabava me levando de novo e de novo ouvindo que ainda não estava pronta para ‘modelar’.

    Em uma tarde de 2009, descobri que estavam convocando meninas em Cascavel para uma seleção. As escolhidas iriam a Florianópolis se apresentar para agências de São Paulo em busca de new faces. Minha mãe conseguiu uma brecha no trabalho e me acompanhou no teste. Fiquei eufórica quando o booker nos chamou de canto. ‘Essa menina tem tudo para acontecer’, disse a ela. ‘Precisa ir para Florianópolis.’ Pela primeira vez, achei que meu sonho poderia virar realidade. A coisa que mais queria na vida era sair daquela cidade. Mas ainda havia um problema: não tínhamos dinheiro para viajar. Apesar de nunca ter faltado nada em nossa casa, vivíamos com tudo muito contado. Mas o pessoal da agência queria tanto que eu participasse daquela seleção que conseguiu um desconto e nós fomos.

    Aos 3 anos, meu pai me espancava sem motivo”

    Embarquei com minha mãe para Santa Catarina num ônibus lotado de meninas altas, bonitas e cheias de sonhos. Ficamos hospedadas no mesmo hotel onde o teste aconteceu. No grande dia, conversei com cada um dos agentes, enfileirados atrás de uma mesa comprida. Eram muitos, algum haveria de me escolher. Levei um susto quando soube que quase todos queriam trabalhar comigo, a dificuldade agora era decidir por um só. Três meses depois, com 16 anos, estava trabalhando na extinta Lumière, morando em São Paulo num apartamento da agência com outras 11 garotas – nenhuma das que foram comigo para Florianópolis. Durante um ano e meio, participei de castings e mais castings, mas pouca coisa acontecia. Sem dinheiro, me alimentava de bolachas e croissant de pacote, até papel higiênico tive de pedir emprestado. Já estava com tudo pronto para pegar o caminho de Cascavel e abandonar a (tentativa de) carreira, quando fui fazer meu último trabalho, um lookbook de uma marca de roupas.

    Durante o shooting, o maquiador e o fotógrafo me chamaram para conversar. ‘Você tem de mudar de agência’, disseram. Ligaram para a Way (a mesma de Carol Trentini e Alessandra Ambrósio) e me indicaram. Desde a semana em que pisei ali, nunca mais parei de trabalhar. Um mês depois, fui a recordista de desfiles do Fashion Rio e segui para as semanas de moda de Nova York, Milão e Paris. Minha vida agora era pelo mundo. Foi durante um ensaio de moda que conheci o diretor de cinema Marcos Mello, 35. No último dia de trabalho, ele, que estava capturando imagens em vídeo, me pediu para dançar em frente à câmera. ‘Tu acabas de ganhar um marido’, disse no fim. Saímos dois dias depois e, desde então, não desgrudamos mais. Isso já faz quatro anos e meio. A vida parecia muito melhor do que eu havia imaginado.

    Alicia Kuczman (Foto: Reprodução/Instagram)Alicia Kuczman (Foto: Reprodução/Instagram)

    Nas poucas vezes que voltava a Cascavel, duas por ano, olhava aqueles paredes cobertas por revistas e achava graça. ‘Trabalhei com aquela ali’, dizia para minha mãe. ‘Essa que está perto da porta ficou minha amiga’, mostrava outra. Ela vibrava com minha felicidade. Diferentemente do meu pai, que continuava me atacando nas crises e não se conformava de eu ter parado de estudar no fim do ensino fundamental.

    Não tinha dinheiro. Me alimentava de bolachas”

    Nos dois anos seguintes, fiz sucesso, ganhei dinheiro. Morava em um apartamento alugado em Nova York, vivia para lá e para cá. Trabalhava até 36 horas seguidas com a maior disposição. Fiz campanhas para Osklen e Alexandre Herchcovitch, posei para as principais revistas do mercado – Marie Claire entre elas. Era uma vida cansativa, mas eu não tinha do que reclamar. Em meados de 2013, me percebi inchada pela primeira vez. No corpo e principalmente no rosto. Mas não liguei. Como tomava um remédio regular para meu hipotireoidismo [inflamação da tireoide, glândula que, entre outras coisas, controla o metabolismo] desde os 11 anos, achei que era uma disfunção passageira. Mas um dia, aterrissando em Nova York, comecei a sentir dores absurdas do lado direito da barriga. Por sorte, Marcos estava comigo e me levou correndo para o hospital. Fizeram milhões de exames e não descobriram nada. Tomei uma, duas, cinco doses de morfina e continuava urrando, com o corpo contorcido e vomitando bílis sem parar. Horas depois, descobriram: estava com um cisto de 6 centímetros no ovário, que gerou um deslocamento do órgão – até hoje não confirmaram se a doença tem relação com a tireoide, mas acredito que sim. Os médicos disseram que precisavam operar às pressas e não podiam garantir que o ovário seria salvo.

    Me achavam magra demais. Perdi trabalhos”

    A cirurgia foi um sucesso, mas minha barriga ficou inchada por duas semanas. Tinha vários contratos fechados no Brasil e todos foram cancelados. Ninguém podia esperar por mim. A dor passou, mas fiquei oito meses sem menstruar. Mesmo assim, não voltei logo ao médico. Displicência minha que teve graves consequências. Em abril de 2014, fui passar dois meses na Austrália a trabalho. Apesar de feliz, me sentia fisicamente esquisita. Vivia com fome, comia loucamente e emagrecia sem parar. Minha calma habitual foi substituída por acessos de irritação incontroláveis. Durante esse período, não fiz nenhum trabalho. Meu agente dizia que o mercado estava me achando magra demais. Havia acabado de acontecer um caso de anorexia na Semana de Moda de Sydney que ganhou repercussão na imprensa e, definitivamente, eu estava fora dos padrões. Na mesma época, comecei a adoecer por qualquer coisinha. Tomava um vento, tinha sinusite. Esfriava, ficava gripada. Ainda comia um quilo de castanhas por dia e raramente dormia mais de três horas por noite. Só apagava quando meu corpo não aguentava mais de exaustão.

    De volta ao Brasil, tive um ataque de pânico no meio de uma sessão de fotos. Os termômetros cariocas marcavam 30 graus e eu tremia de frio no estúdio. Pedi uma pausa, mas a situação só piorava. Os músculos do meu corpo começaram a ter contrações involuntárias. A stylist conseguiu uma bacia de água quente e mandou que botasse os pés lá dentro. No mesmo minuto, meu corpo desarmou, como se derretesse. Era só o primeiro de outros tantos ataques de pânico que viriam em seguida. Nem sei de onde tirei forças, mas consegui terminar o trabalho. O cliente era antigo e pareceu compreender a situação. Mas nunca mais me chamou para nada.

    Finalmente marquei um médico, que pediu exames de sangue. O resultado foi alarmante: meu TSH [hormônio que estimula a tireoide] estava tão baixo que era indetectável. Estava com hipertireoidismo, disfunção na tireoide oposta à que tinha antes que, em vez de desacelerar o metabolismo, deixa-o extremamente acelerado. Os sintomas já sabia de cor: perda de peso, sudorese, depressão, pele ressecada, unhas e cabelos fracos, que caíam em tufos cada vez que me penteava. Desesperada, passei por oito endocrinologistas em um intervalo de um ano e meio. Os primeiros me mandaram tomar Rivotril ‘para não incomodar ninguém’. Outros, dependendo do dia em que ia visitá-los, receitavam remédios para perder ou aumentar o apetite. Em uma semana, chorava sem parar e não conseguia pregar o olho. Na seguinte, ficava absolutamente apática. Nesse perío­do, meu peso chegou a ter variações de 7 quilos em sete dias. ‘Alicia embuchou’, diziam pelas costas. ‘Cresceu e ficou gorda.’ Ninguém me chamava mais para nada.

    Meu corpo parecia derreter. Era um ataque de pânico”

    Sozinha, observei meu corpo e descobri que o inchaço ficava controlado se alternasse a dose do remédio. Até que finalmente encontrei uma médica que me ouviu com paciência e decidiu aprofundar o tratamento. Foram oito meses em que continuei engordando e emagrecendo rapidamente – sem contar outros efeitos horríveis, como taquicardia (não podia andar depressa nem fazer sexo) –, mas a doutora Carolina Mergulhão finalmente conseguiu ajustar a dosagem do medicamento. Numa ida a Cascavel, tive uma crise de ansiedade e corri para a sala em busca de ajuda. Meu pai estava lá sozinho e não tive outro jeito a não ser pedir socorro a ele. ‘Acho que vou morrer’, disse. ‘Posso deitar no seu colo?’ Ele fez um sinal positivo com a cabeça e me aconcheguei em suas pernas. Ninguém disse nada. Não precisava. Dias depois, ele falou pela primeira vez que me amava. Aos poucos, voltei a dormir, trabalhar, viver. Hoje, reconheço
    minha força e o poder de transformação que carrego em mim. E quando me dizem: ‘Como você está magra, ‘Como está linda’, respondo prontamente: ‘Regulei a tireoide’. Simples assim.”

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